sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Momento Final


Fechei a porta de casa, peguei o único meio de locomoção rápida que encontrei, fui a caminho da praia. Precisava naquele momento ver uma imensidão, precisava novamente perceber que existia belos lugares para belos momentos, precisava ouvir o tom baixo do oceano e o leve cheiro de sal misturado com uma brisa doce, por fim, precisava sentir-me mais próxima de quem verdadeiramente sou.
Agora percorro descalça e sozinha pela praia, sinto a areia e a água que por ela passa encostando em minha pele. Consigo ver a marca que o tempo me deixou em momentos não tão passados assim. O vento sopra meus cabelos para o rosto, como se tentasse impedir-me de ver o caminho que ainda tenho que percorrer. Mas, sinto sinceramente que o som de uma felicidade que se encontra distante do mundo está para chegar. Som esse que a distancia insiste em distorcer, me impedindo de relembrar todos aqueles pensamentos que as ondas trazem desesperadamente para mim.
Sinto que estou no colapso final, na margem de uma vida que nunca quis que me pertencesse. Sinto que uma resposta convincente sairá de minha boca, formada pela minha mente e ecoada pela minha voz.
Me vejo sensibilizada com toda essa situação, fecho os olhos e eles enchem-se de lagrimas, que por motivos internos não as deixo cair, elas que não mudarão nem um pouco essa historia, mas que talvez amenizarão o tal sofrimento. Encontro-me sentada em umas pedras que ali avistei, sentido o fisgado de uma dor que infelizmente não localizei, recebendo o remédio que a água salgada trás para mim e querendo que esse arrepio na espinha passe ao ouvir o caloroso som da tua voz amiga.
O sol começa a se pôr, encostando o seu forte brilho no infinito do oceano, me deixando uma imagem magnífica do poder e da beleza da natureza, mas ao mesmo tempo, me provando que se não agirmos rápido aquela luz que brilha forte lá no fundo, um dia se apagará para sempre.

Um comentário:

vivaociclo disse...

Muito bom o texto, gostei mesmo.